Comecei a reler, depois de duas décadas, O idiota, de Dostoiévski. O personagem é fascinante. Um autêntico idiota. Lembrando que a palavra remete ao grego idiotés, "indivíduo particular", do povo, em oposição ao aristrocrata, ser "superior" ao idiota, pois, ao contrário deste, encontra-se integrado a um grupo de elite.
Em grego, idios é "pessoal", algo que é próprio de alguém. "Idioma", por exemplo, é a língua própria de um povo. Em medicina, fala-se em "idiopatia", uma afecção que não decorre de outras, que existe por si só.
O idiota, portanto, é aquele que possui uma marca pessoal, que nasce a partir de si mesmo. Detém uma originalidade. É genuíno. Possui lá as suas idiossincrasias, suas características comportamentais peculiares.
Há muito de solidão e liberdade, beleza e dor num idiota. Por isso, talvez, ninguém goste de idiotices...
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