quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Fique quieto, bicho-carpinteiro!

Foi com surpresa que ouvi um intelectual brasileiro afirmar, em um popular programa de tv, que a frase "estar com bicho-carpinteiro" ou "ter bicho-carpinteiro" seria proveniente de uma outra: "estar com ou ter bicho no corpo inteiro".
A pessoa irrequieta, que não consegue ficar parada por muito tempo, teria algum bicho dentro de si. Que bicho seria esse, não se sabe. Talvez uma lombriga que deixaria a criança agitada, pulando para lá e para cá?

No entanto, a expressão correta é esta mesma: a pessoa tem bicho-carpinteiro. Este escaravelho, em seu estágio larvar, corrói troncos e cascas de árvores com incrível persistência. Esse comportamento faz lembrar alguém que não sossega.

Reinaldo Pimenta, no primeiro volume de A casa da Mãe Joana (Editora Campus), afirma que a pessoa agitada pareceria alguém que "estivesse sendo roída por dentro por esse inseto". Mas então as árvores ficariam agitadas se houvesse dentro delas algum bicho-carpinteiro. Não é o caso.

A palavra bicho veio do latim vulgar *bestiu, que se refere à bestia do latim clássico, isto é, "animal". E carpinteiro remete ao latim tardio carpentarius artifex, o fabricante de um veículo de duas rodas, puxado por cavalos, o carpentum, em geral para uso de mulheres.

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