Para a etimologia dos eventos, um congresso é diferente de um simpósio, e um seminário não se confunde com um encontro ou com uma jornada.
No congresso, do latim congredior, as pessoas se dirigem para o encontro (às vezes para o confronto...). Se progredir é ir em frente, se regredir é ir para trás, e se transgredir é ir além, congregar-se é "ir com".
No simpósio, temos o grego symposion, em que também se fala de uma reunião: syn- ("união") + pósis ("ação de beber"). Beber juntos a sabedoria. É este o objetivo dos simposiastas: embriagar-se de conhecimento.
No seminário, as sementes (semen, em latim) são plantadas. O sentido de "escola preparatória de sacerdotes" foi registrado pela primeira vez em fins do século XVI. Academicamente, o seminário é a ocasião para ideias e argumentos germinarem.
No encontro para pensar e aprender há, em princípio, boa vontade e espírito de colaboração, mas a palavra incontra, no latim tardio, possuía conotação de confronto, remetendo a uma luta entre adversários.
Na jornada, a ideia etimológica é que os participantes trabalhem durante um dia, entre o nascer e o pôr do sol, em busca do conhecimento. No antigo francês, journee (século XII), do latim vulgar *diurnum ("dia").
sábado, 21 de janeiro de 2012
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
O que se forma na informação?
Recebi o seguinte e-mail de Douglas Pitombo da Silva:
Olá Prof. Gabriel Perissé,gosto muito do seu trabalho e acredito que saber/pesquisar a origem das
palavras, o seu real significado, nos leva a entender o que de fato nós
somos. Sou aluno de graduação da UnB do DF, faço atualmente o curso de
arquivologia, porém já cursei filosofia. Daí sendo o meu curso atual da área da
Ciência da Informação, gostaria de saber qual é a origem da palavra "informação"? E se possível, se o sr. poderia me dizer qual é a relação dela com
a realidade e a verdade, se cabe a nossa interpretação ou se ela "basta por si
só", ou seja, se ela é objetiva ou subjetiva? Sei que essa pergunta tem um tom
de caráter filosófico, mas gostaria de saber a opinião do sr.Obrigado pela atenção.
Esta consideração vale para outros tipos de informação, como a jornalística e a histórica. A informação nos chega aos ouvidos, mas nossa recepção é ativa, interpretativa.
A palavra provém do latim informare e significava, originariamente, "dar forma", "fabricar", "modelar". A evolução semântica que nos levou a pensar em "noticiar", "avisar" e "instruir" deu-se a partir da Idade Média. Mas antes disso a ideia estava esboçada.
É que dar uma informação de certa maneira "modela" o informado. Quando sabemos de algo, esse algo atua sobre nós, e nos forma... ou deforma.
É que dar uma informação de certa maneira "modela" o informado. Quando sabemos de algo, esse algo atua sobre nós, e nos forma... ou deforma.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
A etimologia na cracolândia
Tem uma pedra mortal no meio do caminho. Tem uma pedra mortal no meio do caminho de tantas pessoas, no meio das ruas, no centro da cidade. Tem uma pedra que se chama crack.
O viciado em crack, se não abandonar a pedra, viverá cerca de 5 anos. Ou bem menos. A palavra inglesa "crack" ("estalo" e "rachadura" são os significados tradicionais, com clara motivação onomatopaica) assumiu a acepção de "droga" no início da década de 1980, nos Estados Unidos. No Brasil, na década de 1990, já era comum se ouvir o termo "craqueiro".
"Cracolândia" é gíria que define local onde os viciados em crack compram e consomem a droga como se estivessem num território soberano, um "país do crack", ou a "terra do crack".
Como droga, usamos "crack" sem traduzir, talvez pelo receio de que se misture com outros usos, para os quais já houve aportuguesamento: no esporte (o craque quebra a monotonia do jogo) e na economia (com relação à "quebra de 1929").
No caso da droga, a palavra "crack" também se impôs pela onomatopeia, por causa do som que se escuta quando a pedra é fumada.
O viciado em crack, se não abandonar a pedra, viverá cerca de 5 anos. Ou bem menos. A palavra inglesa "crack" ("estalo" e "rachadura" são os significados tradicionais, com clara motivação onomatopaica) assumiu a acepção de "droga" no início da década de 1980, nos Estados Unidos. No Brasil, na década de 1990, já era comum se ouvir o termo "craqueiro".
"Cracolândia" é gíria que define local onde os viciados em crack compram e consomem a droga como se estivessem num território soberano, um "país do crack", ou a "terra do crack".
Como droga, usamos "crack" sem traduzir, talvez pelo receio de que se misture com outros usos, para os quais já houve aportuguesamento: no esporte (o craque quebra a monotonia do jogo) e na economia (com relação à "quebra de 1929").
No caso da droga, a palavra "crack" também se impôs pela onomatopeia, por causa do som que se escuta quando a pedra é fumada.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Do Oriente ao Ocidente
Para começar o ano, consulto questões que me aguardam no formspring. Um leitor deste blog faz três perguntas: "Qual é a origem da palavra oriente? E qual é a sua relação com a palavra orientar? Qual é a origem da palavra ocidente?".
Em latim, oriens refere-se à parte do céu onde o sol se levanta. Orientar-se ("dirigir-se para o Oriente, para o leste") é uma noção que se firmou entre os séculos XVIII e XIX. A frase "a luz vem do Oriente" tem sentido religioso: os ocidentais procuram a luz espiritual em Israel, no Egito, na Índia e no Japão.
O Ocidente, em oposição, é onde o sol se esconde. Remete ao verbo latino occidere ("cair", "acabar", "morrer"). Em sentido oposto ao "orientar-se" (em busca de caminhos de vida), o "ocidentar-se" indicaria um caminhar para o ocaso.
Em latim, oriens refere-se à parte do céu onde o sol se levanta. Orientar-se ("dirigir-se para o Oriente, para o leste") é uma noção que se firmou entre os séculos XVIII e XIX. A frase "a luz vem do Oriente" tem sentido religioso: os ocidentais procuram a luz espiritual em Israel, no Egito, na Índia e no Japão.
O Ocidente, em oposição, é onde o sol se esconde. Remete ao verbo latino occidere ("cair", "acabar", "morrer"). Em sentido oposto ao "orientar-se" (em busca de caminhos de vida), o "ocidentar-se" indicaria um caminhar para o ocaso.
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